sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Dias bons e dias ruins....

Na bíblia, em Eclesiastes 7:13-14, diz assim: "Quem pode endireitar o que é torto? Quando os dias forem bons, aproveite-os bem; mas, quando forem ruins, considere: Deus fez tanto um quanto o outro, para evitar que o homem descubra alguma coisa sobre o seu futuro.
Meu dia se pareceu com este versículo, por isto lembrei dele".
Comecei meu dia muito bem na minha aula. Como disse em sala que nunca vi a neve, a Eva, que é da Suécia e contou que lá neva muito e boa parte do ano resolveu contar uma experiência que viveu num hotel chamado IceHotel Fukkasjarvi.




O hotel fica numa cidade chamada Kiruna que, conforme nossa amiga wikipédia, é uma cidade ao norte da Suécia (na Lapônia) com cerca de 19.000 habitantes. É uma cidade - informação da Eva - que vive basicamente da mineração.



O que este hotel tem de tão importante? É que ele é feito de gelo e neve. O chão é de neve e toda a cobertura dele é de gelo, em formato de iglu. O hotel só funciona de novembro a abril e eles recomendam que a pessoa só passe uma noite. Fiquei pensando... Mas por que só uma noite? É que vc passa uma noite dormindo num quarto de gelo... Gente, muito louco!!! Ela disse que é uma aventura. O hotel é extremamente caro, coisa para artista e ela ganhou de presente do banco onde trabalha por sua agência, em Stolcomo, ter sido líder no país por dois anos consecutivos.
Olha que coisa completamente diferente do que vemos no Brasil... Um hotel iglu no qual você tem a experiência de passar um dia na casa do Super Homem... Lembra que o local que o superhomem ia para pegar a chave para falar com os pais em alguns daqueles filmes antigos era todo de gelo?! Desencavei esta dos anos 80!!! 

Segundo Eva, esta é uma igreja para visitação durante a estadia no hotel. Além da igreja, outras programações são possíveis, como andar naqueles carrinhos de neve puxados por cachorros e outras coisas na neve que não entendi o que eram exatamente por não ter ideia do que sejam...
O quarto é uma aventura a parte. São dois sacos de dormir com capuz nos quais você entra totalmente, fecha o zíper e fica apenas com o rosto do lado de fora. Não me pareceu um bom lugar para uma lua de mel...






O resto do dia o hotel funciona como um museu. Existem esculturas de gelo, bonecos de neve e várias coisas feitas por artistas exclusivamente para aquela temporada.



O café da manhã está incluso, apesar de ser servido num restaurante fora do hotel. São dois restaurantes muito caros nos quais, além do café da manhã (incluso) você pode almoçar e fazer seus lanches. As delícias do local são servidas em pedras de gelo ou esculturas de neve. Fora o que nesta foto, não consigo imaginar o resto... Segundo Eva, assim que você acorda uma senhora vem servir, ainda na cama, uma bebida quente (não alcóolica), tipo um café, para espantar o frio.
E, não podia deixar de contar, há um hotel ao lado, um hotel permanente, que você pode ficar o resto do tempo ou da estadia, se quiser, que é feito de madeira e material normal. É como se o hotel de gelo fosse só uma experiência a parte, uma atração especial...
Segundo a Erika, a canadense da turma, existe uma franquia deste hotel no Canadá, não sei exatamente onde, mas é a mesma coisa, mesma estrutura e funciona no mesmo período. Acredito que seja tão caro quanto...
Então foi uma aula bem descontraída, bem interessante. 
Maiores informações www.icehotel.com


Mas após a apresentação tudo mudou. A professora, que já parecia meio antipática desde que entrou em sala (cada dia temos um professor diferente e a partir da semana que vem será esta professora e outra revesando) foi para o quadro corrigir o que falamos de errado durante a apresentação.


Eu pedi antes para fazer uma questão para a turma. Minha apresentação é segunda-feira e eu gostaria de saber se poderia falar sobre o Brasil de forma geral. As pessoas têm uma impressão sobre o Brasil que é real, mas não totalmente real e eu queria mostrar os dois lados. Perguntei se a turma concordava. Quando cheguei nesta parte da pergunta a professora me disse para parar de falar e que naquele momento ela iria corrigir o exercício, caso, depois disto, sobrasse tempo eu poderia falar.


Fiquei extremamente constrangida. Sabe aquele aluno inconveniente que toda turma tem? Aquele que só fala bobagem (o tempo todo) e que quer falar o tempo todo?! Foi assim que me senti! Levando uma cortada do professor por ser a chata da sala.


Me controlei para não chorar. As duas alunas a minha frente fizeram uma cara de "força, ela é grossa mesmo" e eu me segurei até o fim da aula sem dizer uma só palavra. Quando a professora acabou ainda faltavam uns 5 minutos de aula. Uma destas alunas da minha frente, a Madeleine, perguntou para a turma se eles poderiam responder a minha pergunta e todos disseram que sim, que queriam saber sobre o Brasil. Eu agradeci a Madeleine e quando me levantei para ir embora a professora me pediu para esperar.


Fiquei pensando que ela ia reclamar do que aconteceu ou mesmo se explicar e fiquei nervosa, pois não saberia como manter a conversa com meu frances macarrônico. Sabe o que ela queria? Me mudar de sala. Disse que meu francês não era para aquele nível e que eu deveria ir para o nível 4 (estou no 5). Por mim, tudo bem, o que eu quero  é aprender, não importa o nível. Falei que ela era a pessoa apta a me orientar e que se ela me indicava voltar um nível já estava aceito por mim e agradeci a indicação.


Gente, depois de uma semana de curso agora que eles perceberam que eu devo voltar um nível? Depois de uns 4 professores diferentes agora é que não me adequo a sala? Meu francês realmente é pior do que o do resto da turma, eu os entendo, mas sei que falo mais errado que eles. Mas nem vou ficar debatendo isto, pois isto não me chateou. O que me chateou foi ela ter me mandado parar de falar na sala, a humilhação, a grosseria... A forma como me falou pra mudar de nível: 'não posso te obrigar a ir para a outra sala, preciso da sua permissão'. Finalmente conheci a grosseria francesa tanto dita por ai... Infelizmente ou felizmente não tenho como expressar aqui com ela foi grossa e arrogante...


Olha, o pior de estar em outro país, em outra língua, é você entender tudo e não ter vocabulário para se defender. Você entende a ironia, a grosseria, a forma petulante, e não pode agir igual porque não sabe como se expressar.


Ouvi duas vezes de pessoas que se relacionaram comigo que não conseguiam acompanhar meu raciocínio. Que eu falava, falava e que a pessoa só no dia seguinte é que ia ter argumento para o que eu tinha conversado e que isto as estressava. Tudo bem que eram relacionamentos amorosos e aqui o que conta é a inteligência e rapidez de pensamento, mas hoje entendo o que eles queriam dizer... Muito ruim saber que você pode se defender e não tem como por faltar as palavras...


Madeleine foi muito simpática comigo, me esperou, me levou para tomar um café e me trouxe até em casa conversando e dizendo o quanto sou corajosa por estar aqui e que se a turma pudesse escolher preferia que eu ficasse e ela saísse. São tantas pessoas boas que aparecem... Muito mais que as ruins, isto não posso negar.


O lado bom é que tinha uma reunião com meu orientadaor a tarde e cheguei com o rosto inchado de chorar. Ele perguntou o que foi e eu expliquei tudo. Ele, ao final, disse que meu francês está muito melhor! Também expliquei para o outro professor da universidade que trabalha junto com ele e, apesar de não ter elogiado, se deu ao trabalho de procurar vários outros cursos de francês para mim, mas eram todos muito caros...


Bem, segunda começo em outra sala e depois conto para vocês quem são meus novos amigos!








2 comentários:

  1. Lu, não se deixe levar por causa dessas pessoas. Você é uma guerreira, corre atrás dos teus sonhos e nunca desiste dos teus objetivos. Lhe admiro muitooooooo...
    Se chorar lhe faz bem, chore bastante.. Tenho certeza que Deus vai colocar pessoas maravilhosas no teu caminho.
    Não deixe de nos contar as novidades...

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  2. A Madeleine parece ser muito legal! Ela tem razão em dizer que você é corajosa: Você está vencendo desafios que poucas pessoas encarariam! Força, Lu!

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